Diário de uma Escola

UM ENCONTRO REVELADOR

Ao retornarem  do Curso de Elaboração e Implementação da Agenda 21 Escolar, na sexta-feira, dia  22 de outubro, a diretora Elisette e a professora Ângela encontraram no ônibus o índio Pedro Sales, de 43 anos que retornava do curso de Pós- Graduação em Educação que está fazendo na UFRGS- Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Como estamos desenvolvendo o projeto “Um outro olhar sobre o índio”, para a XX Mostra Artística e Literária, vamos dividir com os leitores do Fique por Dentro  o que Pedro  contou.

Ele mora na reserva indígena de Monte Caseiros, no município de Ibiraiaras, é formado em Enfermagem pela UNIJUÍ com especialização em Obstetrícia, trabalha no Posto de Saúde coordenando  uma equipe de enfermeiras  que atuam na reserva. Atualmente passa uma semana por mês em Porto Alegre  fazendo seu curso de Pós –Graduação. Em fevereiro estará atuando num curso de licenciatura na UFSC- Universidade Federal de Santa Catarina.

Pedro tem 6 filhos. Três rapazes e três meninas. Eles moram todos juntos na reserva. Os rapazes, de 15, 17 e 20 anos,  estudam de manhã e à tarde trabalham cultivando alimentos para a subsistência da família. As meninas, de 8, 11 e 13 anos só estudam. A mãe acompanha os filhos nas atividades e faz artesanato, principalmente cestas grandes de taquara, que  usa no trabalho agrícola. As garotas tocam na Banda Municipal de Ibiraiaras. Na reserva, os índios praticam esportes, principalmente futebol, onde promovem e participam de campeonatos.

Pedro conta que todas as famílias têm atividades para geração de renda, muitos trabalham fora, mas na reserva, onde cada um tem seu pedaço de terra, plantam para produzir a própria subsistência. Diz que eles querem ter autonomia, gerir suas vidas. Eles só se pintam em momentos de rituais, como os que realizam, por exemplo, no dia 19 de abril. Outra informação interessante dada por ele é a de que os índios usam a internet para,  entre outras finalidades,  suas mobilizações.

Sobre os idosos, Pedro diz que há poucos e que  são tratados como relíquias porque são eles que guardam as memórias.

A diretora e a professora disseram a Pedro que ficaram muito felizes em encontrá-lo e que aprenderam muito com ele. Então ele falou que gostaria de vir a Farroupilha para  contar sobre sua gente.  Pedro também é um índio Kaingang, como os índios que moram na aldeia de Farroupilha.

Realmente o tema escolhido para a Mostra fez com que muitos prestassem mais atenção às notícias dos telejornais, a programas sobre os índios, aos próprios indígenas que são vistos agora em todos os lugares.